Saúde

CÂNCER DE PROSTATA: Não é verdade que o câncer acomete somente homens idosos

Em mais uma campanha Novembro Azul, o urologista Maurício Cordeiro traça um breve panorama da doença e dos tratamentos hoje à disposição, sem esquecer de mencionar a importância dos exames preventivos

Estamos em plena campanha Novembro Azul, cujo objetivo é alertar os homens sobre o perigo representado pelo câncer de próstata, que hoje, segundo o médico urologista Maurício Cordeiro,  coordenador no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e assistente da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (referência em cirurgia robótica e laparoscópica urológica), é classificado de acordo com os riscos, o que significa dizer que se apresentam como de baixo risco, no que diz respeito à sua gravidade, e de alto risco, justamente os mais agressivos, requerendo, portanto, tratamentos igualmente mais agressivos. Os parâmetros que ajudam nessa classificação são o PSA, o exame clínico e o de toque retal na próstata, além do resultado da biópsia, “que nos dá uma classificação patológica, denominada classificação de Gleason. É através da combinação desses três fatores que conseguimos classificar o paciente ou em baixo risco, ou em risco intermediário, ou em alto risco”.

O câncer de próstata, vale lembrar, é o segundo mais comum no sexo masculino, só perdendo para o câncer de pele não melanoma. No Brasil, é estimado para este ano mais de 75 mil diagnósticos, com a mortalidade podendo chegar acima de 17 mil homens, o que dá uma morte a cada 30 ou 40 minutos. Em seu início, o câncer de próstata é uma doença assintomática, não apresentando sintomas, o que torna fundamental a realização de exames preventivos, como os de PSA e toque retal. “Assim nós conseguimos diagnosticar cânceres de próstata que estão no início, aonde a chance de cura é acima de 90%. Agora, se os pacientes foram esperar apresentar sintomas, como dificuldade para urinar, sangramento na urina, dores na bacia, dores na coluna, a gente já está falando de uma doença extremamente agressiva e incurável na maioria dos casos”, alerta Cordeiro. Ele aconselha a todos os homens acima de 50 anos de idade, sem fator de risco, ou acima dos 45 anos, com fator de risco – como casos de câncer de próstata na família ou pacientes da raça negra – a realizar um check up  anual, o que inclui o exame de PSA e o de toque retal. Desse modo, é possível,  segundo ele, diagnosticar a doença em sua fase inicial.

Mitos e verdades

Não é verdade que o câncer de próstata acometa somente homens idosos, embora a incidência seja maior nessa faixa etária, mas o fato é que a partir dos 50 anos de idade os homens já apresentam risco significativo de desenvolver esse tipo de tumor maligno. Igualmente errôneo é supor que apenas o PSA possa identificar o câncer de próstata. Trata-se, sim, de um exame importante (“talvez o mais importante”), mas Cordeiro informa que já foram diagnosticados casos significativo da doença em pacientes com PSA normal, “através da realização do exame de toque”. O importante é realizar ambos os exames, já que um não descarta o outro.

Quanto ao que diz respeito ao tratamento da doença, implica, sim, em alguns riscos de complicações, principalmente se envolver a remoção total da glândula, o que seria a prostatectomia radical, e também a radioterapia, outra opção de tratamento. “O da prostatectomia radical a complicação mais temida é a incontinência urinária, que são as perdas involuntárias da urina”. Esse risco foi minimizado com a adoção de tecnologias modernas, como a cirurgia robótica, mas ainda pode acontecer. “Outra complicação temida é o risco de disfunção erétil, de impotência no pós-operatório, o que depende muito da gravidade da doença”, adverte o especialista. Mas mesmo para tais casos hoje já existem tratamentos, como, por exemplo, a implantação de uma prótese peniana. Outra boa notícia  é que a cirurgia robótica tornou todo o processo menos invasivo. “Nós conseguimos fazer essa cirurgia através de pequenas incisões e o robô dá uma magnificação muito grande através da câmera utilizada nesse tipo de cirurgia. Nós temos ali uma visualização de todas as estruturas, tanto da próstata quanto dos nervos ao redor da próstata em três dimensões, os movimentos do robô são totalmente articulados, então nós conseguimos fazer dissecções mais precisas”, explica Cordeiro. O resultado são sangramentos menores, um menor tempo de internação e um tempo também menor que o paciente passa com a sonda no pós-operatório. E, o que talvez seja até mais importante: a recuperação dos pacientes em termos de incontinência e impotência também é mais rápida.

Fonte: Jornal da USP

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