“É importante que o paciente com câncer possa ser tratado perto da casa dele”
O InRad e o Icesp foram credenciados pela Agência Internacional de Energia Atômica como centros de excelência em tratamento e treinamento de recursos humanos para o câncer
O Instituto de Radiologia (InRad) e o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), pertencentes ao complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, foram designados como centros âncora (polos regionais) de conhecimento especializado e treinamento da Agência Internacional de Energia Atômica, a qual, em 2022, lançou o programa Tratamento de Câncer para Todos, com isso passando a credenciar centros de excelência em tratamento e treinamento de recursos humanos para o câncer. Segundo o professor Giovanni Guido Cerri, presidente dos conselhos do InRad e do InovaHC (Núcleo de Inovação Tecnológica do HC), um grande problema no Brasil é o de que o câncer é diagnosticado tardiamente, o que tende a agravar os casos da doença, daí a importância do diagnóstico precoce. Uma das formas de tratamento é a radioterapia, utilizada por mais da metade dos pacientes com câncer. “É uma missão do Hospital das Clínicas poder treinar, capacitar, pesquisar na área de câncer. A Agência Internacional de Energia Atômica está reconhecendo essa importância do complexo do Hospital das Clínicas nessa missão de diagnosticar e tratar o câncer”, diz o médico, acrescentando que nesses centros de referência são treinados profissionais de saúde, além de serem produzidas pesquisas na área de câncer e ministrados tratamentos que primam pela excelência, os quais servem de modelo para protocolos em outras regiões do País.
Cerri conta que, recentemente, a Organização Mundial da Saúde aprovou uma resolução para melhorar o acesso ao diagnóstico em países de baixa e de média renda, o que inclui o Brasil. “Se nós não reforçarmos a questão do diagnóstico e da radioterapia no tratamento do câncer, nós vamos continuar tendo resultados insatisfatórios no tratamento dos pacientes”, ressalta Cerri. “Nós sabemos que doenças crônicas como o câncer são um grande gasto orçamentário da saúde. À medida que nós diagnosticamos mais cedo, nós temos um custo menor para a saúde e um resultado melhor para os pacientes.” Embora o Icesp seja tido como o maior centro de câncer do País, ainda assim não consegue dar conta da demanda nessa área, daí a importância do treinamento de profissionais na área da saúde, que tem um efeito multiplicador e que pode levar a excelência do Hospital das Clínicas e da Universidade de São Paulo para outras regiões do País. “É importante que o paciente com câncer possa ser tratado perto da casa dele e não empreenda uma longa viagem para conseguir seu tratamento. Precisamos criar polos de tratamento de câncer em todo o País e ter profissionais bem treinados, esse é um papel importante de um centro âncora, poder multiplicar o efeito que nós temos aqui no Icesp.” O objetivo é sempre o diagnóstico mais precoce e o tratamento mais eficiente.
“Os resultados de tratamento de câncer no País são bastante insatisfatórios pelo diagnóstico tardio e muitas vezes pela falta de acesso a terapêuticas como a radioterapia. Nós precisamos fazer um esforço para poder melhorar o resultado do tratamento e fazer com que esses pacientes possam ser tratados regionalmente […] Por isso que é muito importante essa iniciativa da Agência Internacional de Energia Atômica com esse programa de tratamento de câncer para todos, para divulgar a necessidade de se ter mais equipamentos de diagnóstico e radioterapia em regiões do País, mas esses profissionais têm que ser treinados e esse é o papel do nosso complexo, poder treinar profissionais para o País inteiro”, acrescenta ele. “Nós não vamos conseguir tratar todos os pacientes com câncer, mas podemos ajudar outras regiões do País a tratarem com eficiência os pacientes com câncer, multiplicando esse nosso compromisso com a formação profissional e com a pesquisa na área de oncologia.” Fonte: Jornal da USP
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